domingo, 2 de maio de 2010

A lembrança do Talafous

Hoje me lembrei do amigo tcheco da cidade de Brno, Jiri Talafous que aqui esteve há muito tempo por tão pouco tempo mas que deixou uma saudade imensa. Sua maneira simples e sua imensa capacidade profissional eram particulares. Com patentes sobre processos de forjaria e uma enorme produção de textos técnicos não parecia ser aquele que se emocionava quando eu mencionava minha admiração e conhecimento sobre seu conterrâneo, o grande Bohuslav Martinu, contemporâneo de Villa Lobos, autor thecho profícuo e de uma sonoridade que falava particularmente à minha alma, principalmente a Suite Concertante que escreveu depois da Guerra em 1945. Mais ainda me surpreendia quando eu também ficava imaginando como um theco já avançado na idade tinha um conhecimento tão grande sobre Alberto Nepomuceno, sua obra e suas andanças por Praga.Não somente sobre Alberto Nepomuceno mas vários outros compositores. Era admirador de Frutuoso Viana, conhecia a obra de Lorenzo Fernandez. Sua musicalidade era impressionante, vinha da alma de um povo especial. Lembro-me o quanto gostava de falar sobre JK, que dizia ser parente distante; os Kubitschek eram de origem cigana como ele que era dos Talafous da Bohemia.
Foi pensando em JK que lembrei deste amigo que me ensinou um pouquinho do idioma theco. Mas a razão de escrever também é outra: - como foi que houve a separação entre tchecos e eslovacos ? Pacífica, mas absolutamente inócua e inconsequente, como pode se ver hoje. Pergunto até hoje, pois esta pergunta suscita outra: não ocorreu na antiga República Techecoeslováquia o que ocorreu na Yugoslavia, uma sangrenta e brutal guerra que a separou na Eslovênia, Croatia, Boznia-Herzegovia, Sérvia (que nos legou o fenomenal Dejan Petkovic), Mecedônia e o Montenegro, mas por que separação, se a maioria do povo dos dois lados não a queria ? Hoje percebo o dedo, ou melhor, os dedos, que manipularam esta ridícula cisão. Houve dedo russo, dedo americano, dedo alemão. Vale lembrar: -Hoje nós brasileiros ficamos mais espertos e não estamos nos emprenhando tanto pelos ouvidos, como fazíamos no passado. Ainda existe sim uma pseudo-elite, pseudo-culta e pseudo-boba que ainda vive do passado. E é para esta que dedico estas mal traçadas linhas. Ao meu amigo Talafous dedico e declaro é a minha saudade.

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