sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os respingos do contrato nuclear

Não parece, mas o contrato nuclear entre Irã, Turquia e Brasil, teve um alcance muito maior do que seus críticos estão imaginando. Primeiro, porque passou uma semana e não é possível imaginar que neste tempo os governos dos países desenvolvidos não tenham já racionalizado as consequências diplomáticas, econômicas e militares, e depois porque expos a fissura de um sistema de governo. Ou seja, já houve respingos na política interna de todos os países.
Por aqui, não há mais dúvidas sobre quem critica o acordo: a crítica não tem nada relacionado com o acordo em sí. É mero complexo de vira-lata mesmo; "imagina o Brasil se metendo com gente grande". É esse o espírito mesmo, se esquecendo que em passado não tão remoto tivemos missões pacificadoras na América Central de brilhante e competente desfecho.
Quanto aqueles países que acompanham incondicionalmente os Estados Unidos houve um certo ajuste de cursos. Afinal, o que a Hilary fala ecoa internamente, mas está de acordo com o que o Obama determina? Este sincronismo está perfeito? Ou a sagaz Presidente colocou as coisas nos trilhos e botou a Secretária de Estado no seu devido lugar? Tanto "doves" quanto "hawks" não tem uma política externa comum, apesar de buscarem o mesmo fim mas parece mesmo que Obama aproveita a oportunidade para mostrar quem manda.
De qualquer forma, tem muita gente que saiu respingada pela lama esparramada pela aquela senhora no seu pronunciamento prematuro e imaturo. Não tendo a compostura necessária, colocou a política externa dos Estados Unidos numa posição desconfortável. Aparece como negociador ineficaz, já que não tem habilidades senão como guerreiro e, ao mesmo tempo, precisa segurar a credidibilidade da Agência Internacional e também dos parceiros que o seguiram afoitamente. Agora tem de amargar a lenta negociação dentro de casa, ( o Presidente não vai tolerar afoitezas mais ), e dentro dos círculos afins.
O que fico observando com mais proximidade, que são os respingos daqui, é a difícil tarefa de alguns que estão tendo de limpar o discurso após saberem que o texto do acordo foi baseado nas exigências feitas pelo próprio Estados Unidos.
O que faltava era credibilidade mesmo. Só quem pratica a paz pode ensiná-la. Ninguem pode dar aquilo que não possui; e isto a Diplomacia brasileira tem de sobra: Competência de negociação provada e provada e provada, por mais de um século.

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