quarta-feira, 5 de maio de 2010

O pensamento das alturas do Comissário Pedro

Ontem estava voando em um avião da TAM quando uma conversa com meu amigo Luiz Lozer sobre encomendas de avião acabou descambando para a técnica e a vantagem de uma ou quatro turbinas, se uma parasse a carenagem sofria torções etc... Só que para azar do comissário Pedro, este foi chamado para dirimir dúvidas se havia encomenda ou não do A350 e, apesar de super ocupado, por gentileza e cortezia respondeu a pergunta da encomenda e zás, acabou tendo que responder se uma turbina parasse o que acontecia. Sem demonstrar o maior desconforto, para se livrar da dupla de chatos passageiros, onde eu era expoente, sai-se com esta máxima: "Trabalho... vôo como se estivesse no chão". Achamos ótima a tirada. Mas após alguns minutos refletindo ví que esta frase revelava deste jóvem comissário a natureza da alma que, ao contrário do que dizia a frase, tinha mais como lema: "ando como se estivesse voando". Ou seja, tinha a mente nas alturas, ainda que com os pés no chão. E para mim era óbvio que a frase, apesar de dizer uma coisa, significava muito mais do que esta coisa e revelava uma personalidade ao mesmo tempo simples e altiva.
Fiquei divagando o resto da viagem sobre as pessoas que dizem que tem os dois pés no chão. Ora, não andam. Tal como a estátua de Chopin, que antes mirava a imponente fachada do Teatro Municipal na Cinelândia no Rio de Janeiro, foi transferida para ficar olhando o mar lá na Praia Vermelha. Lá está, com os dois pés no chão, imóvel, de vez em quando borrada por um pombo descuidado. Lá, imóvel, com os dois pés no chão. Gostaria de dizer a estas pessoas que para andar, pelo menos um pé terá de ser levantado. Que para viver a vida na sua plenitude, temos que confiar que não vamos cair e que vale a pena sair da posição estática e aparentemente segura.
Se eu pudesse, apresentaria todas estas pessoas ao Comissário Pedro, que rápida, expontânea e gratuitamente me ensinou que é preciso ter a mente nas alturas, pois lá sim, teremos os pés em lugar seguro. Fincados na confiança e na esperança.
Queria agradecer ao Comissário Pedro por este breve ensinamento, só pude fazê-lo através deste blog. Espero encontrá-lo um dia desses em algum vôo da TAM, para poder dizer que sua simplicidade nada mais era que um vestígio de altivez.

Um comentário:

  1. Olá Sr.JCarlos, sou o Cms. Pedro Mello e gostaria de agradeçe-lo por estas humildes palavras a meu respeito, espero sim poder ter o prazer em levá-lo em um proximo voo nesta empresa em que trabaho, gostaria de desejar toda a sorte do mundo para o seu trabalho, familia, vida pessoal etc. Um grande abraço aqui das alturas,pois se o céu é o limite, eu voo sobre ele.

    ResponderExcluir