quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Observando números e pessoas

Desde a última menção à opção, que me dedico tão somente a acompanhar a evolução do eleitorado do Rio de Janeiro. Não através de pesquisas, estas têm suas metodologias bem definidas e se errarem fazem fiasco. A minha observação se baseia na metodologia do contacto. Contacto na saída da Central do Brasil, nas saídas do Metrô, nas conversas do cotidiano, com os mais representativos da pirâmide social.

Não tenho dúvida que na área metropolitana do Rio de Janeiro, a população já tem perfeitamente definida a sua opção, pois nem 10% engordam os brancos declarados e nulos atropelados nas pesquisas formais. Mas uma coisa está absolutamente evidentemente revelada; o povo aparentemente mais humilde percebeu perfeitamente os estratagemas desengonçados da mídia acabrestada. Ou por racionalidade explícita, ou por saturação, já que nem mesmo os adeptos serristas não acreditam na maior parte do que é veiculado; sua opção é visceral, nasce da rejeição e não de apoio a um ideário. É contra e pronto, faz até lembrar um mote dos anos 50: hay gobierno soy contra. Revelando um primarismo que, aos poucos, vamos nos despedindo.
A rejeição, tanto a Dilma, quanto a Serra se dá por razões onde está rarefeita a racionalidade. Mas lamentavelmente a nossa mídia insiste em não ver ou, por teimosia ou desespero, acha que esta estratégia ainda dará resultado.

Hoje, distando três dias das eleições, temos claramente a noção do que ocorreu nestes últimos meses: algo como escuma virá à tona. E que vai dar muito trabalho para as auditorias. Pois sabemos que muito dinheiro federal para municípios foi desviado. E não me venham com anti-petismos, pois as verbas foram religiosamente distribuídas. Sabemos que Lula é, e foi, tolerante, mas Dilma, sabemos também, irá cobrar. Daí tanta choradeira e tanto desespero.

Some-se a isto a voracidade sobre o Pré-sal, que antes não acreditavam ser possível explorar, e aí teremos a receita desta azeda sopa neo-liberal (aliás, neo-boba, como dizia o engraçado FHC).

Não há muito mais a se dizer, já que Marina sutilmente induziu seu voto, já que não pode, por razões políticas e éticas, trocá-lo por cargos, e também isto não desejava. Sua missão foi cumprida: vendeu caro a sua posição, valorizando-a para futura negociação. Induzindo seu voto praticamente destina a maior parte de seu ativo eleitoral para sua ex-colega de governo. No entanto não a maioria como gostaria, pois muitos de seus votos vieram de rejeição, tanto a Dilma quanto a Serra. E ela Marina sabe muito bem disto, e disto se valeu.

Vejamos como se compõe, segundo minhas observações, o quadro atual:

eleitores %

Herança Plínio e Brancos e

de Marina Esquerdas Indecisos Nulos Geral Válidos

DILMA

ROUSSEFF 47.651.434 0,469 15% 100% 25% 18,00% 54.276.242 53,4% 57,4%

JOSÉ

SERRA 33.132.283 0,326 20% 0% 28% 30,00% 40.269.804 39,6% 42,6%

MARINA 19.636.359 0,193 94.546.045

================================================================= 101.590.153

Plínio e Esquerdas 1.170.077

Indecisos 7.111.311 0,07

Brancos e Nulos 4.063.606 0,04



Esta é uma contribuição, ou um bom palpite. Vejamos o quanto o erro aí embutido é menor do que os métodos tradicionais.
O que vale mesmo é não retornarmos aos tempos neo-bobos.


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