sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mayara Petruso

Após período de defeito de acesso ao blog volto a escrever, sendo que agora não mais preso a promessa de me ater à política, e mais precisamente as eleições. Mas não posso deixar passar a oportunidade para falar de um fenômeno que me incomoda assaz: - a onda raivosa deflagrada contra nordestinos que desaguou no triste episódio da estudante de direito (Mayara Petruso) que, além de instigar o ódio, incitou ao crime inclusive.
Quando ocorre um caso como este, vemos que estamos observando a parte visível do iceberg. Este fenômeno não nasce no vazio; é preciso que haja uma acumulação de energia, negativa no caso, até chegar ao ponto que chegou. E é esta parte que incomoda, por saber que há mais de setenta anos, no "putch" de Munich, não haviam criado as câmaras de gás, mas já haviam criado as condições que levariam a um final desgraçado.
De todas as misérias, de todas as desgraças e feridas desta eleição o que irá deixar sequelas será o que fizeram com esta moça: levá-la a este nível de degradação moral, tê-la transformado em uma verdadeira nazista. Outros jovens não estarão igualmente contaminados com este vírus de ódio?
A luta política seguirá seu curso, muitas besteiras ditas sobre Dilma já estarão esquecidas, mas o que será destes jovens que se contaminaram ?
Por este motivo vejo que não podemos descansar e manter acesa a chama que iluminará os caminhos que nossos jovens terão de trilhar. Temos obrigação moral, sejamos os vencedores, sejamos os derrotados, de corrigir os erros deste triste episódio, onde se permitiu tanta baixaria e se destilou tanto ódio.
Responsabilizo o sistema Globo de comunicação por este episódio, pois poderia perfeitamente tomar partido sem degradar tanto. Responsabilizo a Folha, a Abril por também não terem respeitado seus leitores que o apoiavam. Não fosse o baixo nível do que escreveram e disseminaram talvez esta jovem não tivesse chegado ao ponto degradante em que chegou.
Responsabilizo aqueles que, dentro destas organizações, perceberam o erro e se mantiveram calados, coniventes e lenientes, mesmo defendendo seus empregos.
Esta moça Mayara Petruso é e sempre será um exemplo do que se colhe quando se planta o ódio. Perguntem aos alemães de hoje o que sentem quando se lembram do que fizeram seus pais e seus avós há setenta anos, senão um misto de vergonha e arrependimento.
Que Mayara Petruso seja sempre lembrada por aqueles que amam a liberdade e a democracia, por aqueles que respeitam a juventude, por aqueles que sonham com um futuro melhor para as futuras gerações.

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