terça-feira, 16 de novembro de 2010

Saindo do impasse

Passada a reunião do G20, onde grandes produtores de bens manufaturados, não importa a sua situação fianceira, estão lambendo as feridas que causaram a eles mesmos; feridas estas que não mais cicratizam devido a uma simples razão: seus povos não estão mais se importando em crescer, pois já cresceram bastante. O conforto que seus Estados lhes proporcionaram parece que lhes tirou o ânimo de ir buscar novas conquistas. Acabaram deixando os chineses produzirem o que para estes sairia a preços irrisórios, não compensava o esforço de produção e muito menos o lucro exigido.
Que esta lição sirva para nós que estamos ingressando em um novo patamar de desenvolvimento. Que não caiamos no mesmo erro, a de importar e produzir fora, para que não tenhamos no futuro que recorrer ao expediente de ter que negociar a soberania da moeda, já que a da produção foi perdida.
Isto serve como um aviso e acho que devemos desencadear uma campanha que, mesmo parecendo chauvinista, é, e sempre será, salutar: dar preferência aos produtos brasileiros. Mesmo mais caros? Alguém diria. Sim, mesmo mais caros, caso contrário ao da postergação da compra.
Não consigo ver sem me irritar, nas prateleiras de supermercados, produtos absolutamente simples de serem fabricados, serem importados devido ao baixo preço propiciado pelo subsidio no país de origem. Quando se trata de origem de países do Mercosul, ainda conseguimos compensações. Mas há casos extremos: conservas vindas da China, confecções vindas da Ásia, de várias origens, manufaturados simples. O que falta para poderem ser produzidos a baixo custo no Basil?
Diminuir a carga fiscal? Sim. Diminuir a burocracia das agências de fomento governamentais? Também. Repito então Maria da Conceição Tavares: temos de consertar o rumo de dirigentes que tem o coração à esquerda e a cabeça à direita. Ainda pensam neoliberalmente, pois ainda se pautam por valores ultrapassados forjados na academia do 80. Tem sua formação defeituosa à atrapalhar a ação do presente. Novos valores culturais terão de substituir as desgastadas fórmulas paridas, sabe-se lá se não em Chicago. Há de se rever, não os fundamentos, mas este verniz já gasto de um neoliberalismo morto. Exige-se uma revolução epistemológica, revolução esta que o Metalúrgico iniciou.
Comecemos conosco mesmo; evitemos o importado suplérfuo. Aliás, não era nem para ser importado. Melhoremos nosso comportamento produtivo. Retomemos o esforço que ja´fizemos no passado de banir o desperdício; seja no consumo, seja no processo produtivo. Longos períodos de inflação nos fizeram desaprender as regras básicas de produtividade. Aliás, perdemos até as indústrias, no louco frenesí neoliberal e na voraz política dos juros impagáveis.
Se Dilma nos eleva a esperança, cabe então cobrar e sugerir por todos os meios, a valorização de nossos produtos, etendendo por valorização o estímulo a capacidade produtiva. Podemos exportar commodities sim, podemos ter agro-negócio sim, mas não podemos abrir mão da industrialização.
Sou profissionalmente oriundo da área técnica eletrônica, e ainda me lembro de ter projetado nos anos 60, e produzido também, equipamentos avançados de telecomunicações e eletrônicos em geral. Lembro-me de uma indústria metal-mecânica pujante. Se a globalização as sucateou todas, é chegado o momento de resgatá-las, até para justificar a formação e emprego de técnicos e engenheiros. Recuperamos a indústria naval, temos de recuperar as demais de menor compexidade, mas que empregam grande contingente de mão-de-obra, crescendo então o mercado interno.
Temos de tomar um rumo agora, já. Seja através de controle de capitais, seja pela premiação da produção, seja por ambas, seja como for, temso que tomar atitudes urgentes. Temos que sair do impasse não criado por nós, paciência, mas temos que sair já.
Pelo menos para não fazer coro de lamúrias junto aos G20.

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