quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De Getúlio a Lilly Marinho

Se contarmos o tempo em que os donos de jornal conviveram com o poder e nem se incomodaram com a negação absoluta da liberdade de imprensa, podemos rever 1954. Financiada abertamente pelos detentores do poder econômico, político, religioso e militar, panfletaram e intrigaram à ponto de gerar o episódio da Rua Toneleros e expor a ferida infectante que era ter um major da Aeronáutica servindo, quase oficialmente, de guarda-costas de um jornalista. Só não esperavam que o desfecho do suicídio de Vargas viesse atrasar o golpe por dez anos, nem que houvesse um General patriota e lúcido que lhes barrasse o golpe outra vez tentado, um nome que honra nossas Forças Armadas, o Marechal Teixeira Lott. Não contavam ainda com a bravura de outros brasileiros que os enfrentaram de mãos desarmadas nas ruas. Tiveram que apelar para uma história de cobertura ensenada pelo Cabo Anselmo e para a Igreja Católica, que à época não admitia que lhe levantassem o olhar, muito menos que atrapalhassem seus interesses; afinal o Banco Espírito Santo (soa estranho não ?) contava com nossas contribuições também. Mas voltando a contagem do tempo, retorno dizendo que é tempo demais para poder mudar hábitos. Não se muda hábitos de predadores facilmente, afinal os ursos panda levaram milhões de anos para aprenderem a comer bambú. Será que os sempre acólitos do poder serão capazes de abrir a mente e ver que podem sobreviver, não é comendo bambú é claro, mantendo um habitat não hostil e que sempre haverá espaço para quem convive pacificamente? O Professor Gilson Carone no seu belo artigo no www.cartamaior.com.br acha que não, e nos adverte dos fenômenos mais perversos.
Não posso discordar, tampouco concordar, falta-me ilustração para tanto, mas entendo que tal virulência se deve ao medo do que já tive a oportunidade de escrever neste blog, e que à rigor, quase confessou Arnaldo Jabor na sua fala(?) rancorosa. - Lula entronizou o mito de Joana D`Arc e exorcisou o mito de Amélia. Com isso pode-se inauguar uma era onde se desafiará os poderes dos senhores de engenho e se entronizará uma auto-estima que não se esperava nem tampouco se imaginava que existisse.
Vejam, o "jeitinho brasileiro", que era defeito, virou capacidade de adaptação, o "país do futebol" serviu de exemplo de capacidade de empreedimento, o nordeste cativo se transforma em polo idustrial. Aí estão sinais de mudança que não foram percebidas em sua profundidade pelos senhores-de-engenho da mídia. Não era de se esperar então que se comportassem senão como em 1954, (afinal não podem aprender a comer bambú tão facilmente, tem que continuar a comer o salmão que é tão numeroso).
Analogias biológicas e brincadeiras à parte, resta lembrar que Lula não vai se matar qual Vargas, Dilma muito menos; Dilma não vai desistir do combate qual Jango. Portanto aí reside o problema - Continuaremos no caminho do desenvolvimento a qualquer preço, e se a Dama de Aço mantiver o seu estilo, não negociará sua vantagem esmagadora. Estará ungida pelo poder legítimo. E tem mais: - por não ter a fisiologia de ter de criar alianças espúrias, já que os partidos políticos vieram à ela, e não ao contrário, estará de mãos livres para aplicar o rigor da lei. Aí habita a causa de tanto medo e de tanto ódio. Quase que se lê o aviso interpretado nas entrelinhas da choradeira e na virulência midiática: - Senhores possuidores de contas em paraísos fiscais, senhores detentores de renda não produtiva, senhores outros que se escondem dentro do próprio Estado, senhores que não se aceitam como Povo, atentem e se acertem. Esta mensagem está sendo lida e não falada, pois os tempos são outros. Ninguém vai se matar tampouco desistir, pois hoje "a esperança venceu o medo". Portanto a tentativa de queimá-la viva não se repetirá; a Igreja é outra, o povo já é outro, os tempos mudaram. O Papa é Bento XVI e não Bento XV (que canonizou Joana D´Arc). A única coisa que sobrou foi a fé e a auto-estima que se entronizaram. Pouco à pouco o complexo de inferioridade (de vira-lata) vai sendo substituído por um orgulho que era apenas tolerado no futebol.
Realmente não entenderam nada, talvez só a grande dama Lilly Marinho.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

The day after

Nestas duas últimas semanas, houve muito escândalo na mídia, muitos supostos dossiês, muitos verdadeiros podres apareceram, mas afinal, o que aconteceu com o processo eleitoral ? Se lermos os jornais internacionais, distantes do ruído local, como quem olhando bem do alto do Pão de Açucar só se observa o movimento das ruas; o barulho nem chega lá. Nestes se observa o resultado das pesquisas, pura e simplesmente. Pouco se lhes dá se os nossos jornais perderam a vergonha definitivamente. Se lermos os jornais locais ( há excessões ) parece estarmos diante, não de uma campanha eleitoral, afinal o que está escrito nada tem de cobertura jornalística, é pura e simplesmente uma ação de desespero, mas diante de uma ação evasiva. Percebe-se claramente que já perderam o senso de direção. Algo me diz que trata-se do medo do "The day after" . Não da obra cinematográfica de Roland Emmerich, mas do que será capaz a Dama de Aço. Cobrará as dívidas reais do BNDES? Irá retirar a propaganda do Banco do Brasil, da Caixa, do Governo etc..? Eis a grande dúvida. Por isso entendo o gesto sábio de Dona Lilly Marinho. Sabe-se lá ?...ter de trocar champanhe francês por água de côco?
Vejo que os bombeiros não chegaram, demora-se a levantar a bandeira branca e isto poderá resultar em confronto real. E lembro que a corda arrebenta sempre do lado mais fraco. Quem detém o poder então ? Estarão apostando nos seus acólitos, ou no judiciário manco ? Judiciário que já deu provas que tem a balança desregulada ?
Com tudo isto me questiono se o que passa diante dos olhos não é um processo democrático ou de uma rotina republicana, mas a chegada da hora final para alguns que, quase irracionalmente, acreditavam ter alguma chance diante da sagaz, esperta e cristalina sabedoria de Lula. Entendeu a real natureza de seu posto e viu quem deveria se sentar todo dia em sua cadeira: o povo. Por isso tolerou muita coisa, fez vista grossa para outras, mas não perdeu o obejtivo, que era governar para todos e alcançar o que era mais caro, o desenvolvimento para todos. Tinha noção exata onde deveria chegar e fez tudo que era preciso em termos de rigor, juntamente à tolerância, para alcançar o objetivo. Tanto tinha certeza de sua missão que escolheu alguém absolutamente distante da politicanagem. Alguém que o adversário nem percebeu a força. Mas a força lá estava, qual Daví, que conhecia um meio de vencer e tinha a responsabilidade de sobreviver. Seus adversários não se deram conta do tamanho do embate, pois não estavam acostumados a travar luta neste terreno. As coisas ficavam sempre no dise-me-disse, na troca de favores etc... Quando chegou a hora de entender a origem do termo "companhêro", não perceberam a profundidade deste, ( que come o mesmo pão ) e qual uma Pompadour mandaram comer brioche. Não sabiam que o povo entendia de politicanagem e não iria trocar o pão de cada dia, que agora havia na mesa, por uma promessa vã como todas as outras que lhe fizeram há décadas. Não, não perceberiam a realidade, pois sempre habitarm fora dela. Caso contrário não teríamos nas metrópoles, as favelas, as periferias miseráveis, convivendo com palácios. Não sabiam e não perceberam que a escolha desta mulher era para valer. Só quem poderia perceber era quem estivesse livre da "trava nos olhos, que oculta a visão" (Mt 7:3), ou seja, quem vivesse o dia-a-dia da busca pelo pão de cada dia. Só estes entenderam e sentiram a diferença. Os programas sociais (Bolsa Família, Fome Zero, etc...), que eram chamados de esmola, mostraram que é, e sempre será, a verdade do pão da vida que saciará a fome, a que libertará os povos.
Está escrito em Lucas (6: 25) "-Mas, ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome".
Tenho certeza até que a sabedoria daquela Senhora Marinho, mais que o medo de passar fome, a fez perceber que era chegada a hora de corrigir o passado; pena que os "meninos" Marinho não tenham percebido. Aquela senhora pensou no "the day after".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ah, quem dera...

Quem dera, se esta convulção de moralismo fosse verdadeira. Quem dera se estes paladinos da ética se comportassem assim fora da época de eleições. Quem dera fosse sincera tal peroração. Quem dera se se comportassem o tempo todo como honestos e sinceros. O fato real é que esta pantomima não irá convencer senão os querem ser convencidos, mais ninguém.
Nada fala mais alto que o emprego e o bem estar social. E é este o discurso que Dilma e Lula devem manter: lembrar dos milhões e milhões de novos trabalhadores de carteira asinada. Só isto basta para dar fim a este triste espetáculo de hipocrisia e deboche.
Se não bastasse este expediente torpe e primário, com a cara mais deslavada, continuam usando a imagem de Lula. É muito apego ao poder mesmo; também não é pra menos: - como vão enfrentar as cobranças do BNDES ? Como vão agora responder as investigações do Banestado? Como vão agora parar o processo do Arruda ? Como vão se explicar se se aprofundar a investigação da Telemar? Há um sem fim de cobranças que Lula não fez, pois foi maduro bastante para garantir primeiro o crescimento e que agora tais cobranças podem (ou devem) ser consumadas. Aí está a verdadeira causa do desespero. As questões que estão criando tanto desespero não são eleitorais, e sim as dívidas imensas que terão de honrar com o erário. E todos sabem que a Dama de Aço não é de deixar barato.
Aposto com qualquer um que iniciado o mandato de Dilma vai ter muita gente indo para fora do país, esperar para ver o que vai acontecer. Todas estas empresas jornalísticas que estão penduradas no BNDES devem devolver ao Povo Brasileiro, pois esta dívida é para com ele; terão de se decidir, caso contrário...
Acho até que chegando bem próximo ao dia 3, ou seja, lá para semana que vem, vai haver uma fila de enviados negociadores para levantar a bandeira branca. Esperem e verão. Quem dera que fosse para devolver a grana. O problema é que o Brasil não pode parar para ficar fazendo conta. As iniciativas dos programas estruturantes (PAC, Bolsa, PROUNI, etc) já renderam bilhões de receita e de novos negócios, novos empregos. Valor que irá ser muito maior do que estes pesudo-economistas, pseudo-financistas, pseudo-modernos arrogantes surrupiaram do país.
Quem dera se já estivéssemos em tempos de campanha onde estaríamos discutindo programas. Ainda temos que passar pela etapa da baixaria; também pudera, há poucos saímos de tempos coloniais e neo-bobos.
Ah, quem dera.
Quem dera pudessemos cobrar a dívida com juros dos tempos neo-bobos.