quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A maldição do fausto

Quando ocorre a oportunidade de se falar e relembrar o holocausto dos judeus na época do terceiro
“reich”, nasce a pergunta nunca respondida plenamente: Por quê ?

Por que, uma nação que gerou Goethe, Beethoven, Kepler, Gauss haveria de se deixar levar por uma turba
de ensandecidos ?

Por que, uma nação que foi capaz de sobreviver a guerras e ocupações, reconstruindo-se frente à proibição
de se re-armar, por parte das nações vencedoras do conflito da primeira guerra mundial, chegou a tal ponto
de inconsciência e desatino ?

Por que foi mesmo um símbolo ? E chegou a ser admirada e copiada por alguns Estados, que não por
coincidência eram totalitários, governados por ditadores, sob qual se praticavam as mais torpes ações, de
tortura, de corrupção e toda a sorte de maldades. Aqui no Brasil, uma judia era deportada grávida para o
campo de concentração. A Argentina acabou acolhendo toda a sorte de carrascos et caterva. – não cito ex-
carrascos pois, carrasco morre com este nome e pelo meu credo será justiçado frente ao Pai.

Eu aqui com meus botões respondo o porquê. Porque gostavam do que faziam; não tenho a inocência nem
a ingenuidade de achar que foram enganados. É claro que existia uma grande parte de gente inocente e que
foi enganada mesmo, e outra parte que apenas podia se calar. Mas o grosso da plebe, tal como no circo
romano, clamava pela execução e pela morte, pura e simplesmente. E mesmo assim não se cala à
pergunta: por quê ?

E novamente busco uma resposta que, no mínimo, satisfaz a minha consciência: - Porque se satisfaziam
no sentimento de grandeza, se satisfaziam na crença da raça superior, se satisfaziam na vaidade de seus
feitos materiais. Só isso. Ainda se vê este comportamento hoje naqueles que detém o maior poder militar
do mundo, opróbrio da civilização. E quando se endeusam acabam por serem condenados. Quando o
“Deutschland uber alles” é aceito como forma de vida, até parece que o que irá resultar é uma absoluta
comunhão com seus pares e com seus diferentes. Mas quando o estrangeiro é renegado por este causa e,
diferente como está nas Escrituras quando o velho deu de comer ao forasteiro, e trouxe água para lhe lavar
os pés, então a maldição cairá sobre sua casa e seu país. Tivesse sido o lema “Got uber alles”, então este
povo seria glorificado e todos ficariam em paz.

As causas que levaram este povo a este desatino, ainda estão presentes em todos os povos e estas não se
exorcizam apenas com o discurso. Quem quiser se afastar desta maldição haverá sempre de passar por
uma porta estreita, pois por ela terão de passar todos os povos, os excluídos, os miseráveis, pois se nos
considerarmos melhor que esses, então a porta será larga e, facilmente, não importa nossas riquezas e
nossas habilidades, iremos passar sem saber para o vale das trevas.

Ah! vaidade, ah, orgulho aonde nos levam ? O próprio Fausto de Goethe diz n´um momento: “Detém-te ,
ó tu que és tão belo” .

Tivesse o povo alemão prestado mais atenção nas palavras que eles próprios disseram, tivessem sido
verdadeiros da boca pra dentro, então a “danação de Fausto” teria sido encenada como fábula e não teria
de ser vivida.

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